O legado é a palavra que descreve a obra passada que inspira o futuro. Essa obra, coletiva ou individual, permanece um arquétipo vivo que norteia a humanidade. É um passado que nunca passa.
O Grupo de História do Agrupamento de Escolas Diogo Cão, organizou uma visita de estudo ao Museu e às gravuras rupestres do Vale do Côa, sitas cronologicamente no Paleolítico superior, destinadas para todas as turmas do 7.º. A visita cruzou equilibradamente o hoje e o ontem, o passado e a modernidade, a rutura e a continuidade. As turmas foram divididas por atividade.
No Museu do Côa, conduzidos magistralmente pelo guia destacado para a missão didática, os alunos e os professores testemunharam a gentileza da modernidade para com a antiguidade. Constituído por salas temáticas, com uma proposta conceptual e fresca de animações audiovisuais, réplicas de gravuras rupestres nacionais e internacionais, reproduções de cabanas de famílias paleolíticas, mapas iluminados e exposição de minérios e pedras exploradas, o Museu oferece (e ofereceu-nos) uma experiência fértil na obtenção de férteis conhecimentos, sensibilizando os presentes para a empatia e compreensão histórica das matérias estudadas em sala de aula. Numa das paredes, iluminava-se a interrogação “qual o teu legado”, que acalentou a premissa desta visita de estudo.
Almoçados e nutridos, seguimos para outra jornada. A partir da pitoresca e fielmente transmontana aldeia de Castelo Melhor, aventuramo-nos em jipes conduzidos pelas guias, afortunados por vastas e belas paisagens e um sol ameno, até às gravuras rupestres do Côa, património singular na Península Ibérica e de valor inestimável para a humanidade. O xisto, que sussurrava segredos milenares, preservava auroques, cabras e bodes, que ali ruminam há milhares de anos por obra das comunidades de caçadores recolectores, porventura atraídos pelas calmas e mansas águas do Côa, onde correriam salmões, igualmente merecedores de homenagem no xisto vizinho. As turmas responderam assertivamente aos testes improvisados das guias, incentivando o seu espírito crítico e capacidade de interpretação, numa viagem que rasgava os tempos.
O olhar atento e fascinado dos alunos (e professores) procuravam responder à questão que titula este artigo: qual o teu legado? Os homens passados já o gravaram, resta aos nossos alunos gravar os seu.